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Mercado de capitais: oportunidades para financiamento do agronegócio em 2024

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apontam que o setor agropecuário pode alcançar mais de 24% do PIB nacional de 2023, atingindo R$2,63 trilhões.

Um dos grandes desafios desse gigante da economia brasileira é diversificar e encontrar  linhas mais vantajosas de financiamento em busca de eficiência financeira.

Neste sentido, os players do agronegócio podem acessar as modalidades disponíveis no mercado de capitais para maximizar o seu potencial. 

Continue a leitura para compreender este mecanismo de captação de recursos e como ele impacta o crescimento das operações do agronegócio e a governança corporativa do segmento.


Confira como abordaremos o assunto:

  • Definição de mercado de capitais

  • Um retrato nacional: modalidades financeiras ofertadas ao produtor

  • Diferenças entre crédito bancário e financiamento via mercado de capitais

  • Vantagens do mercado de capitais para empresas do agronegócio

  • Principais instrumentos de financiamento ao agronegócio no mercado de capitais

  • Casos de sucesso do agronegócio no mercado de capitais

  • Considerações

Siga lendo para tomar decisões informadas e otimizar as suas estratégias de financiamento em 2024.



Definição de mercado de capitais

O mercado de capitais, com seus gráficos, tickers (nomes dos ativos) e horários de negociação, pode parecer complexo e distante da realidade do empreendedor brasileiro em um primeiro momento, especialmente para quem trabalha no campo.

Mas tudo isso fica mais claro se imaginarmos ele como um grande balcão, no qual empresas, governos e outros atores estão de um lado da mesa para emitir ativos financeiros, para financiar as suas operações.

Do outro lado da mesa, os investidores, em busca de retorno, compram esses papéis, proporcionando liquidez e capital para o crescimento e desenvolvimento dos empreendimentos.

No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é responsável pela regulação e supervisão desse mercado.

A autarquia, vinculada ao ministério da economia, estabelece normas, fiscaliza atividades e aplica penalidades quando necessário, assegurando que as operações ocorram de maneira justa e transparente.

Além da CVM, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) também influencia o setor, principalmente na representação e defesa dos interesses de instituições financeiras e participantes do mercado, promovendo boas práticas.

Outros agentes também fazem parte deste processo, incluindo:

  • Corretoras e distribuidoras de valores mobiliários, que atuam como intermediárias nas transações, oferecendo acesso aos mercados para os investidores.

  • Securitizadoras, que transformam ativos financeiros em valores mobiliários negociáveis.

  • Agentes de investimentos, profissionais especializados em orientar investidores na escolha de ativos.

  • Fintechs, que inovam e simplificam processos financeiros, muitas vezes utilizando tecnologia para democratizar o acesso ao mercado de capitais.

Estes autores com mais alguns instrumentos específicos criam um ecossistema dinâmico e robusto, que contribui para o desenvolvimento econômico e inovação dos processos de financiamento.

Um retrato nacional: modalidades financeiras ofertadas ao produtor

A Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav) apresentou dados de 2022 em relação às principais vias que os players do agronegócio captam recursos para novos investimentos.

Segundo a entidade, 40% do seu público obtêm financiamento diretamente com os fornecedores de insumos, que muitas vezes são os principais agentes de fomento da cadeia. 

Neste contexto de autofinanciamento, os produtores recebem prazos estendidos de seus fornecedores, o que pode alcançar até 360 dias para pagamentos. Outros optam pela modalidade barter, naao qual há o pagamento pelo insumo no pós-colheita, também conhecido como fim da safra.

Ainda no que se refere ao financiamento, segundo a Andav, 13% deles recorrem ao banco privado, 7% ao banco público, 6% aos CRAs, 6% ao trading (relação comercial com contrato de compra e venda assegurada em cartório), 3% ao FIDC e 1% ao CDCA (Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio) e 1% às fintechs.

O mercado de capitais, citado através dos ativos CRA, FDIC e CDCA, representa oportunidades de financiamento devidamente regulamentadas e acessíveis aos players do agronegócio.

Diferenças entre crédito bancário e financiamento via mercado de capitais

Comparamos o crédito bancário em relação ao mercado de capitais para você entender qual modalidade pode lhe atender melhor diante do seu atual momento. Saiba mais:

Crédito bancário:

O crédito bancário, mais conhecido como empréstimo, é uma forma legítima de financiamento, seja para pessoa física ou jurídica, o que inclui o agronegócio.

Nesta modalidade, as instituições financeiras, especialmente os bancos, atuam como intermediários. Eles avaliam o risco de crédito e estabelecem as condições para empréstimos, incluindo juros, prazos e garantias. 

Suas características variam e podem abranger linhas de crédito, empréstimos específicos e financiamentos, com taxas de juros que espelham o risco associado ao tomador do crédito, além do prazo para pagamento.

Plano Safra: uma linha de crédito específica para o agronegócio

O Plano Safra, estabelecido pelo Governo Brasileiro, representa uma linha de crédito rural. Lançado anualmente, ele tem as suas origens na década de 1960, sendo um marco na modernização da agricultura brasileira. 

Sua principal força reside na capacidade de fornecer recursos financeiros a juros mais baixos que as outras linhas de crédito, facilitando o acesso à expansão e fortalecimento da economia rural. 

No entanto, a dependência de recursos governamentais e as oscilações no orçamento anual limitam sua previsibilidade e eficácia. 

Financiamento via mercado de capitais:

O mercado de capitais soma-se às iniciativas de financiamento do mercado agrícola brasileiro.

Se por um lado é necessário planejamento, apoio de consultorias e engajamento na emissão dos títulos, por outro a captação de recursos diretamente do público investidor pode ser mais barata e representar uma linha alternativa de financiamento rentável para angariar fundos.

O maior alcance de investidores frequentemente implica em uma relação mais direta com o mercado, o que faz com que o setor do agronegócio se preocupe ainda mais com a governança e reputação, podendo demonstrar toda a sua robustez, ética e trabalho árduo. 

Veja outras vantagens que o mercado de capitais pode trazer.

Vantagens do mercado de capitais para empresas do agronegócio

O mercado de capitais contribui significativamente para o crescimento e desenvolvimento sustentável do agronegócio. Aqui estão algumas das suas principais vantagens:

  1. Acesso ampliado à capital. Empresas do agronegócio podem captar recursos em grande escala, facilitando a realização de investimentos de longo prazo e projetos de expansão.

  2. Diversificação das fontes de financiamento. O mercado de capitais permite que as empresas do agronegócio reduzam a dependência de empréstimos bancários e linhas de crédito governamentais.

  3. Transparência e governança corporativa. Participantes do mercado de capital estão sujeitos a regras rigorosas de compliance, o que pode resultar em melhor gestão e confiança entre investidores e demais stakeholders.

  4. Melhoria da imagem corporativa. A presença no mercado de capital pode elevar o perfil e a credibilidade da entidade emissora e do segmento ao qual pertence.

  5. Liquidez. A emissão de ativos no mercado de capitais proporciona liquidez, o que pode significar antecipação dos recebíveis.

  6. Alinhamento de interesses. A participação no mercado de capitais estimula a colaboração e o alinhamento entre grupos com interesses e objetivos em comum.

  7. Captação de recursos sem dívida adicional. Ao emitir títulos, as empresas do agronegócio obtêm capital sem aumentar seu endividamento, preservando o balanço patrimonial.

  8. Flexibilidade financeira. O capital obtido via mercado de capitais oferece maior flexibilidade, podendo ser utilizado em diversas áreas, como pesquisa e desenvolvimento, expansão de mercado ou melhoria da infraestrutura.

Ao considerar esses benefícios, os agentes do agronegócio podem avaliar a sua participação no mercado de capitais como uma estratégia para o seu crescimento e fortalecimento da sua participação no setor.

No próximo subtítulo, os principais instrumentos para o empreendedor do agronegócio operacionalizar, de fato, sua entrada no mercado de capitais serão mencionados. Confira.

Principais instrumentos de financiamento ao agronegócio no mercado de capitais

Atualmente, instrumentos financeiros específicos abrem portas para o acesso a recursos adequados às demandas do agronegócio. A seguir, conheça os principais ativos que podem ser úteis neste contexto.

  • Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA)

Os Certificados de Recebíveis do Agronegócio são títulos de dívida, emitidos exclusivamente por companhias securitizadoras, lastreados em créditos do agronegócio. 

A transferência desses recebíveis a uma securitizadora resulta na formação de ativos comercializáveis no mercado financeiro. 

Essa dinâmica viabiliza para as companhias agrícolas a antecipação do recebimento dos valores provenientes de suas vendas, transformando-os em liquidez imediata.

Da parte do comprador, ao investir nesses títulos, ele adquire o direito aos pagamentos futuros dos recebíveis, conforme as condições preestabelecidas no certificado. Tais papéis apresentam prazos e taxas de retorno especificados.

Uma das novidades de 2023 está na resolução CVM 194, que legitima emissões de CRA cujo devedor ou coobrigado seja cooperativa agropecuária com demonstrações financeiras relativas ao exercício social anterior à data de emissão do CRA auditadas.

  • Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC)

Essa modalidade de fundo visa a aquisição e gestão de uma carteira de direitos creditórios, convertendo-os em cotas disponíveis para investidores.

Ao contrário dos CRAs, os FIDCs possuem a característica de serem segmentados,  podendo ser oriundos de vários setores, como agronegócio, imobiliário, saúde, entre outros.

Portanto, existem FIDCs especializados em áreas como o agronegócio, focando na aquisição de direitos creditórios vinculados a esse segmento.

Os FIDCs se destacam pela diversificação de riscos, devido à variedade de direitos creditórios em sua carteira, e pela capacidade de negociar suas cotas no mercado secundário.

  • Fundo de Investimento em Cadeias Agroindustriais (FIAGRO) 

Os FIAGROs são fundos estruturados para captar recursos no mercado de capitais, direcionados para a infraestrutura agropecuária, incluindo armazenagem, logística, serviços, insumos e tecnologias.

A quarta edição do boletim CVM agronegócio, elaborado pela superintendência de securitização e agronegócio (SSE) da autarquia, tem como destaque o crescimento de 78% referente à indústria do FIAGRO desde dezembro de 2022, alcançando o valor de R$ 18,71 bilhões em patrimônio líquido no mês de setembro/23.

O boom do atual momento atrai a atenção para a consulta pública aberta, elaborada pela CVM, para discutir uma norma específica para o fundo de investimento em cadeias agroindustriais, com a intenção de substituir a resolução CVM 39 de 2021, que tinha um caráter experimental. 

A proposta da nova norma permite que os FIAGROs invistam no agronegócio brasileiro através da aquisição de diversos ativos locais, incluindo financeiros, direitos creditórios, imóveis e participações societárias, além de permitir a participação no mercado regulado de carbono

Outros ativos que podem ficar no radar do agronegócio para o financiamento via mercado de capitais

1. Letra de Crédito do Agronegócio (LCA). Este instrumento financeiro oferece opção vantajosa para investidores e uma fonte eficaz de financiamento para o setor. A LCA fomenta a liquidez e impulsiona investimentos em tecnologia e expansão.

2. Debêntures. Como títulos de dívida emitidos por empresas, as debêntures possibilitam financiamentos de longo prazo para projetos como expansão de infraestrutura e inovação tecnológica no agronegócio.

3. Cédula de Produto Rural (CPR) e CPR-Verde. A CPR é um instrumento de crédito que permite aos produtores rurais negociar seus produtos antes da colheita, garantindo capital para o ciclo produtivo. Já a CPR-Verde, uma variação recente, está alinhada com práticas de sustentabilidade, podendo atrair financiamentos com condições mais vantajosas.

4. Ações. Empresas do agronegócio listadas em bolsa de valores oferecem ações como forma de captação de recursos e divisão da participação acionária. Este mecanismo fornece capital para a expansão, modernização das operações, além de elevar a visibilidade da corporação.

Casos de sucesso do agronegócio no mercado de capitais

Com a recente captação de US$ 20 milhões para seu CRA Verde, a Traive financia projetos agrícolas no cerrado, focando em benefícios ambientais. 

Este CRA é estruturado pela Sustainable Investment Management (SIM), securitizado pela Opea e conta com a Produzindo Certo para a averiguação ambiental das propriedades.

Os agricultores beneficiados por este instrumento precisam cumprir critérios ambientais rigorosos, incluindo um excedente de reserva legal e a implementação de melhorias sustentáveis em suas propriedades.

Outro marco significativo é a emissão conjunta de US$ 47 milhões em CRAs pela Traive, Opea, Santander e Rabobank. Este projeto financia a produção de soja de baixo carbono, beneficiando 122 propriedades. 

Os termos do financiamento incluem compromissos com a preservação ambiental, indo além das exigências legais brasileiras. Os produtores, em troca de taxas de juros favoráveis, comprometem-se com a conservação de áreas nativas e a sustentabilidade ambiental.

A superintendente da CVM, Nathalie Vidual, em entrevista declara que “uma das prioridades da agenda da CVM é aproximar o agronegócio do mercado de capitais, bem como das finanças sustentáveis”.

Outros exemplos bem-sucedidos é a consolidação dos FIAGROS como instrumentos cada vez mais populares e com rentabilidade atrativa. De acordo com a B3, por meio de levantamento feito pelo TradeMap, as cotas dos Fiagro 051, Fiagro Hight e Fiagro Agrx renderam acima da Selic e registraram desempenhos positivos. 

Considerações 

O agronegócio brasileiro, uma força motriz da economia, enfrenta desafios na captação de recursos.

Diversificar as fontes de financiamento torna-se vital para produtores rurais, revendas, distribuidores e outros agentes decisórios do setor.

Logo, a escolha de parceiros estratégicos que compreendam as especificidades e as demandas do agronegócio contribui para o sucesso e a sustentabilidade financeira das empresas envolvidas.

Nesse contexto, a Traive surge como um grande aliado: a empresa, utilizando-se de Inteligência Artificial, revoluciona a análise de crédito no setor, oferecendo avaliações precisas e customizadas de risco. 

Essa abordagem permite que financiadores e produtores tomem decisões mais informadas, seguras e alinhadas às suas necessidades.

Além disso, a Traive contribui na democratização do acesso ao financiamento, abrindo portas para que pequenos e médios produtores participem ativamente no mercado de capitais ou obtenham crédito privado em condições mais favoráveis.

Esse acesso ampliado ao financiamento não apenas catalisa o crescimento individual dos produtores, mas também reforça a robustez da economia agrícola brasileira, um segmento vital para o desenvolvimento sustentável do país.

Conte com a Traive para desbravar novas possibilidades de financiamento no agronegócio. Conecte-se conosco hoje e explore como as nossas soluções inovadoras podem potencializar seus negócios. 

Juntos, podemos fortalecer a cadeia do agronegócio, impulsionando o crescimento econômico e sustentável do Brasil.

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