O desenvolvimento do setor agropecuário está diretamente ligado à oferta de crédito para seus principais agentes, como produtores rurais e revendas. Para garantir a solidez financeira da instituição que concede os recursos, é essencial realizar uma boa gestão do risco de crédito.
Como ele é influenciado por diferentes variáveis simultaneamente, a compreensão clara sobre o risco é determinante para a tomada de decisão. Quanto mais clareza houver nessa avaliação, maiores são as chances de realizar boas escolhas.
Na sequência, descubra como fazer uma análise de crédito precisa e acerte na gestão!
Classificação de risco de crédito
O risco de crédito é a probabilidade de um devedor não conseguir cumprir com suas obrigações financeiras. Sendo assim, quanto maior for o risco de crédito, maiores são as chances de ocorrer a inadimplência.
A avaliação desse risco é essencial para a concessão de crédito. Ao entender o risco potencial oferecido por um tomador, é possível definir se ele receberá os recursos e qual será o limite oferecido, considerando as condições que ele apresenta.
Para essa avaliação ocorrer de maneira sistemática há a chamada gestão do risco de crédito. Ela consiste em um conjunto de práticas e técnicas que servem para medir e acompanhar o risco de crédito em cada operação.
Considere o exemplo de uma revenda agrícola. Ao vender insumos para os produtores rurais, é comum que isso seja feito a prazo e que o pagamento só aconteça após a safra. Sendo assim, há a concessão de crédito.
Para decidir com mais efetividade sobre a realização da venda a prazo ou não, é importante realizar a gestão do risco de crédito. Desse modo, é possível estabelecer as condições de concessão e, ao mesmo tempo, mitigar os riscos de inadimplência.
Em paralelo, é importante considerar que o risco não é necessariamente algo ruim. É possível manejá-lo de acordo com o apetite ao risco e com as condições do momento. É o caso de cobrar juros maiores ou conceder limites menores para clientes com alto risco de crédito, por exemplo.
No entanto, só é possível realizar esse gerenciamento se houver um entendimento claro sobre o risco atrelado a cada operação.
Componentes na análise de risco de crédito
A análise de risco de crédito eficiente depende de uma série de fatores. Quando considerados, eles ajudam a avaliar qual é a saúde financeira geral do tomador e, portanto, o nível de risco de crédito que ele apresenta.
A seguir, entenda melhor quais são os principais fatores utilizados!
Leia também: Score no agronegócio: análise para produtores e revendas
Solidez financeira
A solidez financeira do tomador compreende questões como seu patrimônio e endividamento. Um patrimônio maior associado a um nível reduzido de dívidas costuma ser um indicativo de boa solidez financeira.
Também podem ser avaliadas outras questões, como o demonstrativo de resultados e o fluxo de caixa. Quando uma indústria faz a análise de crédito de uma revenda rural, por exemplo, o desempenho financeiro do negócio é um fator influente para medir o nível do risco de crédito.
Histórico de crédito
Outro ponto importante é o histórico de crédito, que está associado ao comportamento financeiro. Ele serve como um registro do cumprimento (ou não) das obrigações financeiras do tomador, indicando como ele tende a agir nesse sentido.
Esse histórico pode envolver outros elementos como situações passadas de inadimplência e o score de crédito com base no comportamento quanto ao crédito.
No geral, o histórico serve como um indicativo da reputação e confiabilidade financeira do tomador. Quanto melhor ele for, menor tende a ser o risco percebido na análise de risco.
Condições de mercado
Especialmente no setor agro, é fundamental considerar as condições de mercado, já que elas influenciam a capacidade de geração de resultados do tomador. Além da análise da economia interna, é preciso avaliar o setor específico e até a economia internacional.
No caso de revendas que concedem crédito para produtores rurais, é essencial compreender a variação de preços de commodities, por exemplo. Dependendo das oscilações, o produtor pode ter uma capacidade maior ou menor de arcar com seus compromissos.
Variáveis externas
Ainda, há as variáveis externas, que não estão diretamente ligadas ao comportamento do tomador, mas que podem influenciar sua capacidade de pagamento.
No caso do agro, fatores climáticos, regulatórios e até políticos podem interferir no desempenho geral do setor. Se as variáveis convergirem para um cenário positivo, então é sinal que o risco de crédito se torna menor — e vice-versa.
Inclusive, o impacto dessa volatilidade é um dos principais motivos para os desafios existentes nessa gestão. Com mais variáveis e incertezas de mercado, torna-se mais complexo fazer uma previsão eficiente de adimplência do tomador de crédito.
Os 5Cs do crédito
A análise de crédito envolve uma metodologia que considera diversos atributos do tomador de recursos para identificar sua capacidade de cumprir com as obrigações assumidas. Nesse sentido, é interessante conhecer os chamados “5Cs do crédito”.
Eles consistem em critérios que servem para embasar a avaliação antes de ocorrer a concessão de crédito. A seguir, entenda como cada um desses elementos funciona!
Caráter
O caráter está relacionado à confiabilidade e reputação do tomador de crédito. A análise, portanto, envolve questões como o histórico financeiro e o comportamento geral em relação às obrigações financeiras.
No geral, um tomador com um caráter avaliado de forma positiva apresenta mais chances de se manter adimplente. O contrário também é verdadeiro, e uma avaliação negativa nesse sentido vai aumentar a avaliação de risco de crédito.
Capacidade
A capacidade diz respeito à renda que o tomador é capaz de gerar. O ideal é que o produtor rural ou revenda seja capaz de obter resultados financeiros suficientes para cumprir com o pagamento do crédito tomado.
A avaliação desse critério envolve elementos como o fluxo de caixa, a projeção de receitas e a viabilidade econômica geral. Com uma capacidade maior, também crescem as chances de manter os pagamentos em dia.
Capital
O capital é um critério relacionado a quantidade de dinheiro que o tomador tem disponível para investir ou usar como garantia. Ele é medido por uma avaliação dos ativos disponíveis, bem como dos recursos próprios que podem ser injetados no negócio.
É importante considerar que o capital serve, por exemplo, como uma proteção para momentos de baixa nos resultados.
Colateral
O colateral é o critério diretamente relacionado ao uso das garantias. Sendo assim, ele envolve os ativos que o tomador oferece para o caso de não conseguir cumprir com as obrigações financeiras.
Para a análise do risco de crédito, o colateral é essencial por trazer mais segurança para as operações. Afinal, em caso de inadimplência, é possível acionar a garantia para recuperar ao menos parte dos recursos concedidos.
Condições
As condições compreendem os fatores externos, como as mudanças climáticas, que podem impactar a adimplência do tomador. Alguns exemplos incluem a situação econômica, os movimentos específicos do setor e até condições climáticas, como você viu.
Essas condições costumam afetar diretamente a capacidade do tomador em gerar resultados e podem aumentar o risco de inadimplência. Por isso, elas devem fazer parte de uma análise completa antes da concessão de recursos.
Tipos ou níveis de risco de crédito
Compreender os diferentes níveis de risco ajuda a tomar decisões mais acertadas. Afinal, toda concessão de crédito tem riscos, mas a intensidade dele varia de acordo com as condições e os fatores considerados.
A seguir, descubra quais são os tipos ou níveis de risco de crédito existentes!
Risco baixo
Uma análise que resulte em risco baixo significa que o tomador de crédito apresenta poucas chances de inadimplência. Normalmente, esse é o resultado atrelado a solicitantes com bom histórico de crédito e situação financeira estável.
Os principais impactos são a concessão de crédito com menores taxas de juros e condições de crédito mais favoráveis que podem incluir limites mais elevados, permitindo a obtenção de uma quantia maior.
Entre os exemplos que podem ter risco de crédito baixo estão empresas estabelecidas.
Risco médio
O risco médio de crédito aponta para chances moderadas de inadimplência. Os solicitantes classificados dessa forma comumente apresentam alguns sinais de alerta, mas têm um histórico de crédito relativamente positivo.
Esse tipo de resultado na análise de crédito costuma levar a taxas de juros um pouco mais altas e uma necessidade maior de garantias.
É o caso de empresas em crescimento, mas que apresentam algum grau de instabilidade financeira. Como a segurança geral é menor que as empresas consolidadas, a classificação de risco médio é mais adequada.
Risco alto
O risco alto está ligado à alta chance de inadimplência por parte do tomador. Esse tipo costuma contemplar os solicitantes com histórico ruim de pagamentos ou situação financeira instável.
Por conta disso, as taxas de juros tendem a ser mais altas e as restrições são mais severas nas condições de crédito. Dependendo do caso, o limite recomendado para a concessão pode ser baixo ou mesmo a liberação de recursos pode ser negada.
Entre os tomadores que costumam apresentar esse nível de risco estão empresas, ou produtores rurais emergentes, em dificuldades financeiras, por exemplo.
Leia também: PCLD e sua importância na análise de crédito do agronegócio
Análise de risco de crédito para evitar inadimplência
Como você conferiu até aqui, a análise de risco de crédito é essencial para a tomada de decisão quanto à concessão de recursos. Ela ajuda a diminuir a inadimplência porque permite identificar se o solicitante tende a pagar em dia ou não.
Ao identificar que um produtor rural, ou revenda, apresenta um risco de crédito elevado, é possível negar os recursos ou estabelecer condições mais exigentes. Com taxas de juros mais altas, ou uma solicitação de mais garantias, é possível mitigar eventuais perdas relacionadas à inadimplência.
De modo geral, essa análise serve para priorizar os solicitantes com maiores chances de fazer pagamentos em dia. Assim, é possível manter a própria saúde financeira.
Por outro lado, não realizar uma gestão eficiente nesse sentido tem muitas consequências negativas. Uma delas é, justamente, o aumento da inadimplência — e isso impacta aspectos como o fluxo de caixa e a lucratividade.
A concessão de crédito sem uma análise robusta também pode prejudicar a própria reputação do negócio. Com uma carteira de clientes com alto grau de inadimplência, a antecipação de recebíveis se torna mais difícil, por exemplo.
Ainda, uma má gestão para conceder crédito pode aumentar os gastos para recuperar esses recursos, por exemplo. Por isso, o ideal é agir de modo preventivo.
Gestão do risco de crédito: desafios e oportunidades
Além da análise inicial para a concessão de recursos, é essencial realizar uma avaliação contínua do perfil de crédito dos clientes. Isso envolve monitorar sinais de alerta para minimizar a exposição ao risco de inadimplência.
Ao identificar esses pontos de atenção, é possível adotar medidas para diminuir o risco de atrasos ou perdas financeiras. Assim, é possível manter a estabilidade financeira geral.
No entanto, há desafios que precisam ser considerados — especialmente no setor agro. Um deles é a falta de informações precisas e atualizadas, já que a falta de transparência prejudica a precisão da análise.
Também vale destacar a variabilidade das condições econômicas. Tanto a economia local quanto a nacional podem sofrer grandes variações e instabilidades, afetando a capacidade de pagamento do solicitante.
De modo semelhante, a variabilidade das flutuações de mercado — em especial, no segmento financeiro — são fatores influentes. Mudanças nos preços das commodities e até medidas governamentais podem impactar diretamente o risco de crédito dos tomadores de recursos.
Especificamente neste segmento, há riscos atrelados às condições climáticas e variações sazonais, por exemplo. Como essas variáveis podem prejudicar a produtividade, a capacidade de pagamento também pode ser afetada.
Oportunidades de otimização das análises de crédito
A otimização das análises de crédito no setor agrícola se dá, em especial, pelas soluções tecnológicas e novas ferramentas oriundas desse avanço.
Com esses recursos, é possível fazer uma análise de crédito precisa e realizar o monitoramento contínuo com eficiência. Isso ocorre graças à qualidade das análises de informações e a adaptação a condições variáveis, permitindo a superação de diversos desafios comuns.
A Traive é uma solução completa e inovadora para a análise de perfil de crédito no segmento agro. O uso de inteligência artificial e algoritmos de machine learning (ou aprendizado de máquina) permite coletar e processar grandes volumes de informações de diferentes fontes.
Além de reduzir o tempo necessário para o processo e de melhorar a precisão de análise, a Traive é uma parceira fundamental para avaliar os riscos e decidir se está preparado para assumi-los. Afinal, os dados vão além do histórico financeiro, incluindo questões de mercado e até condições climáticas.
Além dos dados que captamos com nossa plataforma, é possível adicionar o conhecimento humano para as análises, trazendo informações sobre o produtor que apenas quem está no dia a dia da revenda pode saber.
Desse modo, as decisões são muito mais embasadas e possíveis de alinhar com os objetivos do negócio.
Tenha mais segurança com a Traive!
A análise precisa do risco de crédito é essencial para manter a saúde financeira do negócio. Com uma boa gestão, é possível mitigar riscos e aumentar os ganhos financeiros, inclusive ao definir as condições de concessão de crédito para o produtor rural ou revenda.
Para otimizar a gestão de crédito e ter mais segurança, a Traive é a ferramenta avançada ideal para embasar suas decisões.
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