Avaliar a capacidade de pagamento dos clientes e ajustar as condições de crédito são passos essenciais para proteger os ativos de qualquer empresa, especialmente no agronegócio, onde a PCLD (Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa) se torna uma ferramenta indispensável.
Com os riscos elevados e as particularidades do setor, a análise de crédito precisa ir além do básico para identificar potenciais inadimplentes e garantir a liquidez do negócio.
A PCLD é uma ferramenta contábil que complementa a análise de crédito, garantindo que os recursos sejam alocados de maneira eficiente e segura. Entender como ela se integra ao processo de análise de crédito pode ser fundamental para gerenciar os riscos relacionados à inadimplência.
Quer saber qual é o papel da PCLD e como ela se relaciona com a análise de crédito no agronegócio? Continue a leitura e saiba mais!
Definição e funcionamento da PCLD
A Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa (PCLD) é uma provisão contabilizada para cobrir perdas estimadas com créditos que provavelmente não serão recebidos (como contas a receber de clientes inadimplentes). Após ser calculada, a PCLD é deduzida do valor das contas a receber, reduzindo assim o valor dos ativos no balanço patrimonial.
Isso reflete a incerteza quanto ao recebimento do dinheiro das vendas. A PCLD gera uma redução no lucro líquido da empresa, pois é registrada como uma despesa, e também reduz o valor dos ativos no balanço patrimonial. Em resumo:
- A PCLD é registrada como uma despesa na demonstração de resultados, o que reduz o lucro líquido;
- No balanço patrimonial, a PCLD reduz o valor dos ativos (contas a receber).
O funcionamento da PCLD envolve o cálculo de uma porcentagem das receitas a ser definida com essa provisão. O cálculo depende de uma série de fatores que influenciam o risco de crédito, entre os quais podemos incluir:
- Histórico de pagamento dos devedores;
- Situação econômica atual;
- Previsões para o setor agrícola.
Também é necessário compreender que a PCLD pode ser adaptada ao longo do tempo, conforme as condições mudam. Se o cenário passa a apresentar um risco maior de inadimplência, a PCLD tende a ser maior por haver mais riscos de não ocorrer o pagamento nas condições acordadas.
Esse tipo de provisão aparece na Lei nº 8.981/1995, que altera a legislação tributária federal. O Art. 43 indica a possibilidade de registrar os valores necessários para criar a PCLD como custo ou despesa. Na prática, isso afeta a apuração do lucro real, diminuindo o valor sobre o qual incidem os tributos.
A Lei n° 9.430/1996 também traz disposições nesse sentido, definindo regras para a constituição de provisão e seus impactos no balanço patrimonial. Ainda, há resoluções do Banco Central do Brasil (Bacen) para instituições financeiras que concedem crédito.
Já as Normas Brasileiras de Contabilidade, como a NBC TG 25 e a NBC TF 48, trazem as regras para a criação e divulgação de provisões como a PCLD.
A importância da PCLD no agronegócio
Devido às peculiaridades do setor, a PCLD é especialmente relevante no agronegócio. O mercado agrícola enfrenta diversos riscos, como a volatilidade nos preços das commodities, as variações climáticas e a sazonalidade dos fluxos de caixa.
Esses e outros fatores relacionados aumentam a incerteza em relação aos clientes que tomam crédito. É o caso de um produtor rural que precisa de recursos para adquirir insumos ou investir, como em maquinário para a safra.
Nesse contexto, a PCLD é bastante importante por influenciar diretamente a decisão sobre a concessão de crédito.
Com essa provisão, as revendas, empresas fornecedoras e instituições financeiras conseguem avaliar o risco de crédito com mais clareza. Além de entenderem quais são os recursos em risco de inadimplência, eles podem identificar quais clientes têm mais chance de cumprir as obrigações financeiras.
A escolha dos clientes com melhores chances de serem bons pagadores também interfere na definição de taxas de juros mais justas. Entendendo claramente quais podem ser as perdas em cada caso, os clientes com maiores riscos de inadimplência podem estar sujeitos a taxas mais altas, por exemplo.
Outro ponto para considerar é a concessão dos limites de crédito. Com base na análise dessa provisão, a empresa pode definir quais recursos serão destinados — considerando tanto a própria capacidade e apetite ao risco quanto o perfil dos clientes.
PCLD e a dedutibilidade fiscal
De acordo com a legislação brasileira, a PCLD pode ser usada para deduzir impostos. Isso ocorre quando a PCLD é registrada como uma despesa operacional, diminuindo o lucro contábil e a base de cálculo de tributos como o Imposto de Renda (IR) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
Para essa dedução acontecer há algumas regras, como uma extensa fundamentação do risco de inadimplência e eventuais perdas. Afinal, não é porque a empresa realizou uma venda e registrou essa entrada que, de fato, haverá o pagamento.
A partir da redução do lucro contábil, há uma redução na carga tributária e uma economia com os impostos. Isso gera uma eficiência tributária e financeira, já que a empresa otimiza o fluxo de caixa e gere melhor os recursos.
Para as empresas do setor agro que utilizam o financiamento agrícola, essa dedutibilidade da PCLD é bastante relevante. Considerando as particularidades do setor, a redução das despesas permite mitigar riscos operacionais, melhorando o preparo do negócio para lidar com a eventual inadimplência.
PCLD e sua influência na análise de crédito para produtores rurais
Como você viu, a PCLD ajuda empresas que vendem a prazo e instituições financeiras que concedem crédito a fazer uma reserva contábil para cobrir possíveis perdas com inadimplência.
Entre as medidas para mitigar riscos de inadimplência está a análise de score de crédito. Por meio dela, é possível mensurar os riscos de um cliente não pagar em dia. Nesse sentido, a PCLD também é útil.
Graças a essa provisão, a empresa estabelece um valor tolerável para a inadimplência e pode usá-lo de referência na análise de crédito. Ao avaliar a base de solicitantes de crédito, o negócio consegue estabelecer quais são mais prováveis de pagar em dia e quais tendem a ser inadimplentes.
Considerando a provisão existente, a empresa sabe qual é a proporção de clientes inadimplentes que ela pode ter e consegue priorizar os bons pagadores em potencial.
A análise da PCLD também influencia a determinação dos limites de crédito. A ideia é conseguir equilibrar a oferta de crédito de forma sustentável financeiramente, minimizando a exposição a grandes perdas.
Um outro ponto envolve os juros. Quanto maior for o risco previsto pela PCLD, maior tende a ser a taxa de juros usada como base. Ao mesmo tempo, uma provisão robusta que já contempla certo nível de inadimplência pode dar origem a taxas mais vantajosas, tornando o crédito mais acessível para os produtores rurais.
Impactos da PCLD nas decisões de concessão de crédito
A relação entre PCLD e análise de crédito indica que também há uma influência nas decisões de concessão de crédito. Dependendo do nível de risco mensurado por essa provisão, a empresa pode estar mais ou menos disposta a vender a prazo ou conceder recursos.
Pensando em exemplos práticos, considere uma cooperativa de crédito agrícola. Se, ao fazer a PCLD, a instituição observar que certo grupo de produtores tem mais riscos de inadimplência, ela pode ser mais criteriosa com as regras de concessão. É comum que elas priorizem oferecer crédito para clientes que apresentem riscos menores: isso inclui tanto definir juros maiores e limites menores quanto exigir mais garantias.
Outro exemplo é que a PCLD pode apontar um risco de crédito maior em determinada área por causa das condições climáticas adversas. Nessa situação, os produtores podem ter acesso a condições menos facilitadas, pois o risco de perda é maior.
Ao mesmo tempo, é possível usar a PCLD para adaptar as condições da política de crédito — inclusive, tornando-a mais flexível, como oferecer mais recursos quando as condições forem mais favoráveis.
Desafios na estimativa adequada da PCLD no setor agrícola
A PCLD é um documento fundamental para a tomada de decisão estratégica da empresa em relação ao risco de crédito. Por causa disso e devido às regulamentações, sua elaboração exige extrema atenção.
No setor agro, entretanto, há diversos desafios que impactam a estimativa adequada da PCLD. A volatilidade dos rendimentos agrícolas está entre os principais pontos, causada por flutuações nas safras e nos preços de commodities.
Também há a questão da sazonalidade, já que é preciso considerar os ciclos de plantio e de colheita. Ainda, culturas diferentes têm diferenças nos períodos de geração de resultados, o que também deve ser considerado.
Fatores de risco complexos também irão afetar a estimativa. Entre eles, estão as variações climáticas, situações políticas, alterações regulatórias e questões ambientais.
Por outro lado, ter uma estimativa precisa para a PCLD é fundamental para que a avaliação de risco seja efetiva. Do contrário, as reservas podem ser inadequadas e a empresa fica mais suscetível aos riscos.
Devido aos desafios de realizar essa estimativa, se o time estiver ocupado com outras tarefas e não puder dedicar o tempo e a atenção necessários, a operação se torna ainda mais complicada. Essa dificuldade é um dos fatores que torna o uso de plataformas como a Traive essencial para garantir segurança, liquidez e, consequentemente, alavancar o crescimento do negócio.
Com o suporte de uma ferramenta de análise de risco de crédito robusta, é possível estimar a PCLD com muito mais efetividade, utilizando-a de forma estratégica para as decisões do negócio — especialmente quanto à política de crédito.
Leia também: Como a Inteligência Artificial aprimora a análise de crédito agrícola
PCLD e tecnologia: como aferir riscos
Para lidar melhor com as variáveis da estimativa da PCLD, o ideal é contar com o apoio da tecnologia. O destaque fica para a inteligência artificial (IA) nas análises de crédito, aferindo os riscos com precisão e contribuindo para a mitigação da inadimplência.
Isso ocorre, primeiramente, porque a IA consegue analisar um grande volume de dados — históricos e em tempo real —, buscando padrões e tendências. Isso ajuda a reduzir a imprevisibilidade associada ao setor agrícola.
A IA também pode usar algoritmos de aprendizado de máquina (machine learning) e utilizar bases de dados muito mais profundas. Em vez de apenas analisar o histórico financeiro, a IA pode contemplar condições agronômicas, comportamentais e de mercado, por exemplo.
É o caso da nossa plataforma, que é capaz de processar mais de 2.500 variáveis, integrando diversos dados para uma análise mais precisa do perfil de risco de produtores e também de revendas.
Além disso, os modelos de IA da Traive têm a capacidade de combinar o conhecimento humano com a potência da inteligência artificial, uma vez que os usuários podem adicionar dados à plataforma que são relevantes para o seu cenário de análise de risco. Dessa forma, é possível não apenas prever, mas de fato compreender contextos complexos do agronegócio.
Todos esses aspectos tornam as estimativas mais precisas e seguras, o que ajuda a mitigar os riscos da inadimplência, fortalecendo a saúde financeira da empresa ou instituição financeira.
Liberação de crédito facilitada
A PCLD é uma ótima solução para a saúde financeira e segurança de empresas e instituições que recorrem ao crédito agrícola. Para torná-la mais eficiente e relevante, é interessante contar com tecnologias avançadas.
Conte com a Traive e nossa tecnologia especializada no agronegócio para impulsionar seu crescimento e aumentar a liquidez, enquanto reduz riscos, custos e burocracia.
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