Em 2024, o Brasil apresenta um cenário econômico volátil, principalmente como reflexo das ocorrências dos últimos anos — como o aumento global de preços causado pela pandemia de Covid-19. No geral, isso se reflete no aumento da inadimplência.
De acordo com o Serasa, o país tinha 72,46 milhões de CPFs inadimplentes em agosto de 2024. Em relação ao setor agro, especificamente, o aumento na inadimplência do agronegócio brasileiro alcançou 7,3% no primeiro trimestre de 2024.
Como o segmento é altamente dependente do crédito, o atraso ou falta de pagamento dos compromissos assumidos para financiar atividades agrícolas exige atenção. Ao mesmo tempo, é essencial se aprofundar no assunto para entender se, de fato, o cenário atual é tão preocupante.
A seguir, você verá uma avaliação completa da inadimplência no agronegócio em 2024 e poderá compreender melhor o cenário atual, bem como se ele está em um momento preocupante. Confira!
O que é inadimplência no agronegócio?
A inadimplência no agronegócio também é simples, se caracteriza pelo atraso ou pela falta de pagamento por parte de produtores rurais, ou empresas do setor. Mas, dentro desse mercado, um “atraso” de até 90 dias é considerado algo normal, não entra como um problema de inadimplência.
O crédito agrícola pode ser obtido junto a diversos credores, como revendas, indústrias do setor e instituições financeiras.
Além disso, ele pode estar relacionado a diversos objetivos, no contexto agrícola. Entre eles, estão:
- financiamentos rurais;
- contratos de compra de insumos;
- crédito agrícola concedido para operações.
A inadimplência também pode ser dividida em curto ou longo prazo. Nesse sentido, a inadimplência de curto prazo ocorre quando o devedor tem problemas pontuais, como a perda de safra.
Como o próprio nome indica, esse tipo de inadimplência tende a apresentar uma duração menor. Em muitas situações, o produtor consegue regularizar a situação após a próxima colheita, por exemplo.
Já a inadimplência de longo prazo envolve uma dificuldade mais complexa de arcar com os compromissos financeiros. Ela se relaciona tanto a questões externas, como crises econômicas, quanto com problemas internos, como dificuldades de gestão.
Leia também: PDD: porque impactam a gestão dos devedores no agronegócio
Impactos da inadimplência no fluxo de caixa
O aumento da inadimplência afeta diretamente todos os envolvidos na cadeia agrícola. Sendo assim, produtores, credores e investidores são impactados e a sustentabilidade a longo prazo das operações pode ser comprometida.
A seguir, entenda melhor as consequências dessa situação para cada participante.
Para os produtores rurais
O fluxo de caixa dos produtores rurais tende a ser afetado, em especial, pela descapitalização que a inadimplência causa. Na prática, não conseguir honrar os compromissos financeiros costuma fazer com que o produtor perca a confiança dos credores, o que leva à perda de acesso a novas linhas de crédito.
Sem capital disponível, os produtores podem enfrentar perdas na produtividade. Isso ocorre porque não há recursos para investir em tecnologias, em melhorias ou mesmo em insumos básicos.
Um dos grandes problemas é que a perda de produtividade gera um ciclo vicioso: quanto menos o produtor consegue plantar e colher, menor é sua capacidade financeira. Como consequência, a receita cai e se torna mais difícil cumprir as obrigações financeiras.
Esse cenário tem efeitos a longo prazo no planejamento e na sustentabilidade do negócio. A falta de investimento no agronegócio dificulta a adaptação a novas práticas e diminui a competitividade. Com menos receita, o endividamento sobe e essa conjunção de fatores pode levar até mesmo à perda de espaço no mercado agrícola e à interrupção das operações.
Para as revendas e cooperativas
O atraso ou a falta de pagamento por parte dos produtores rurais é uma situação que também afeta as revendas e cooperativas. As empresas e cooperativas sofrem com o atraso no recebimento de pagamentos, o que compromete o fluxo de caixa delas.
Começa, então, a ocorrer um efeito em cadeia, já que as revendas e cooperativas passam a ter dificuldades para honrar compromissos com fornecedores. Como consequência, torna-se difícil gerar novos negócios e toda a cadeia de suprimentos é afetada.
Esse tipo de impacto da inadimplência também leva a uma redução do nível de confiança no crédito agrícola. Para mitigar os efeitos sobre o fluxo de caixa, as revendas e cooperativas podem suspender ou endurecer as condições de concessão de crédito.
Isso também leva à necessidade de efetuar um controle mais rigoroso. Logo, há menos flexibilidade para os produtores rurais, além de diminuir a concessão de recursos de modo geral.
Para instituições financeiras e investidores
No caso de credores como instituições financeiras e investidores, os efeitos da inadimplência envolvem o aumento do risco de crédito percebido. Isso costuma prejudicar a concessão de novos financiamentos, já que há menos confiança na viabilidade do setor agrícola como um setor seguro.
Os principais impactos são percebidos nas condições de financiamento e outras linhas de crédito, que se tornam mais rígidas. É comum haver um aumento nos juros, pois a elevação dos custos ajuda a mitigar os riscos.
Como consequência, o crédito se torna mais caro para os produtores, que precisam se endividar mais para acessar os recursos de que precisam. Desse modo, a obtenção de crédito se torna mais difícil e todo o cenário agrícola se torna menos favorável.
IMPACTOS DA INADIMPLÊNCIA | |||
---|---|---|---|
Aspecto | Produtores | Revendas | Instituições financeiras |
Descapitalização | Perda de confiança dos credores e dificuldade de acessar novas linhas de crédito. | Atraso no recebimento de pagamentos, comprometendo o fluxo de caixa. | Aumento do risco de crédito percebido, diminuindo a concessão de novos financiamentos. |
Perda de produtividade | Falta de recursos para investir em tecnologias, insumos e melhorias. | Honrar pagamento com a indústria e endurecer as condições de venda a prazo. | Condições de crédito mais rígidas e aumento dos juros para mitigar riscos. |
Ciclo vicioso | Menor capacidade de plantar e colher, reduzindo receita e aumentando endividamento. | Redução da flexibilidade na concessão de crédito para produtores. | Crédito mais caro para os produtores, elevando o endividamento e diminuindo a viabilidade do setor agrícola. |
Longo prazo | Menor competitividade, dificuldade de adaptação e risco de interrupção das operações. | Necessidade de controle mais rigoroso e endurecimento das condições de crédito. | Redução da confiança no setor agrícola como setor seguro, prejudicando o acesso geral ao crédito e financiamentos. |
Efeitos da inadimplência na confiança dos investidores
Como você percebeu, os investidores são particularmente afetados pela inadimplência. No caso deles, é comum haver uma mudança na percepção de risco por parte de quem investe no setor agrícola com o objetivo de obter retorno.
No geral, uma situação que aponte para um aumento de inadimplência faz com que os investidores percebam o setor agrícola como um segmento mais arriscado. Isso tende a afastar os investidores menos propensos a riscos.
Já os investidores mais propensos a se arriscar podem preferir outros segmentos com maior potencial de ganhos. Na prática, o que ocorre é uma redução na disponibilidade de recursos para financiar as atividades agrícolas.
Além disso, tende a haver um aumento nas taxas de juros, como você viu. Essa se torna uma forma de os investidores “precificarem” o risco, aumentando a proteção e o potencial de ganhos com o valor investido.
Esse conjunto de fatores faz com que haja menos crédito disponível e que os valores oferecidos pelos investidores se tornem mais caros. Isso tende a aumentar o endividamento dos produtores, limitar o acesso deles a crédito e reduzir a competitividade do segmento.
O que causa a inadimplência no agronegócio?
Embora a inadimplência cause grandes impactos no setor agrícola, convém destacar que a maioria dos produtores nessa situação não fica inadimplente por vontade própria. Na verdade, há diversos fatores que, embora possam ser previstos, são incontroláveis.
A seguir, confira quais são os principais motivos que levam à inadimplência no setor agrícola!
Fatores macroeconômicos
Os fatores macroeconômicos são aqueles que envolvem tendências econômicas globais e nacionais. Ou seja, essas são situações que afetam a economia de forma ampla, influenciando a produção e o acesso ao crédito agrícola.
Acompanhe!
Preços de commodities voláteis
Os preços de commodities diversas, como milho, soja e café, são muito sensíveis a fatores externos. Isso causa uma volatilidade natural nos preços desses produtos, o que tende a dificultar o planejamento financeiro dos produtores.
Por exemplo, entre 2022 e 2023, os preços globais das commodities caíram quase 40%. Essa é uma variação considerável e que se deve a fatores como a desaceleração global para conter a inflação e à estabilização de produção em diversos mercados.
Para efeitos de comparação, o ritmo de queda esperado em 2025 é de apenas 4%, o que representa 10 vezes menos que a variação ocorrida entre 2022 e 2023.
De qualquer forma, uma redução dessa magnitude afetou a capacidade financeira dos produtores. Como consequência, é esperado observar um aumento no grau de inadimplência no setor.
Instabilidade política e econômica
Outro fator macroeconômico para observar é o grau de instabilidade política e econômica — tanto dentro quanto fora do país. No Brasil, por exemplo, a inadimplência do segmento agrícola pode ser impactada por crises políticas, como relacionadas à aprovação de projetos e reformas relevantes.
As condições econômicas também têm peso. A inflação é um dos principais aspectos da economia brasileira, sendo responsável por aumentar o preço dos insumos agrícolas e pressionar as margens de lucro, por exemplo.
Em 2023, por exemplo, a inflação fechou a 4,62%. Embora tenha ficado abaixo dos 5,79% acumulados em 2022, o Banco Central manteve a taxa básica de juros (Selic) a 11,75% ao ano.
Esse patamar da taxa de juros influencia os juros das demais operações, incluindo linhas de crédito de diversos tipos. Com isso, a política fiscal pode encarecer o crédito e contribuir para um aumento geral na inadimplência.
Mudanças climáticas e fenômenos naturais
Também é preciso considerar as questões relacionadas aos fenômenos naturais e às mudanças climáticas. Eventos extremos prejudicam lavouras e criações pecuárias, diminuindo o volume de produção e a capacidade financeira dos produtores.
Um exemplo é a seca que atingiu a região Sul do Brasil, em 2022 e 2023. Em maio de 2024, os produtores locais enfrentaram uma grande enchente, o que causou um grande endividamento de curto prazo.
Também vale ponderar que os eventos climáticos extremos tendem a se tornar mais comuns. Isso exige mais investimentos em tecnologia para proteção e mitigação, bem como encarece os insumos em toda a cadeia.
Com uma capacidade financeira reduzida pelos eventos climáticos, o produtor tem mais dificuldades para cumprir suas obrigações em dia.
Taxa de câmbio
Devido ao impacto do dólar sobre a economia global também é essencial considerar os efeitos da taxa de câmbio sobre o endividamento e inadimplência dos produtores.
Sendo um grande exportador de commodities, o Brasil se beneficia parcialmente de um câmbio externo mais valorizado em relação ao real. Foi o que aconteceu em 2020, quando o dólar acumulou alta de 40% sobre a moeda brasileira.
Embora os exportadores tenham aumentado seus ganhos, os custos dos insumos também dispararam. Para os produtores de pequeno e médio porte, que não exportam em grandes volumes, essa valorização cambial pressionou as margens de lucro e afetou diretamente a capacidade financeira.
Além disso, vale considerar que uma valorização cambial prejudica os produtores que tomam dívidas em moeda estrangeira. Se não houver mecanismos de proteção, a dívida cresce exponencialmente e se torna mais difícil de ser paga.
Fatores microeconômicos
Já os fatores microeconômicos estão relacionados à gestão e à operação das propriedades rurais. Logo, eles têm mais a ver com a forma de conduzir os negócios, sendo mais específicos das operações individuais.
Descubra quais são os que mais influenciam a inadimplência no agro!
Falta de acesso a tecnologias que otimizam a produção
Cada vez mais há soluções tecnológicas voltadas para otimizar o desempenho no campo, incluindo para médios e pequenos produtores. Há diversas soluções, como sistemas de irrigação inteligentes, máquinas agrícolas avançadas, sistemas de automação e até a agricultura de precisão.
Porém, uma pesquisa publicada pela Forbes indicou que o preço da tecnologia tende a limitar sua adoção em larga escala no campo. Entre os respondentes, 27% afirmaram adquirir tecnologia com recursos próprios — o que indica uma lacuna quanto ao papel do crédito rural nesse sentido.
O grande problema é que a adoção de tecnologia no campo deixou de ser uma novidade e passou a ser uma necessidade. Com a limitação de acesso à tecnologia, os produtores não conseguem maximizar a produtividade, o que afeta sua capacidade financeira.
Além disso, a falta de incorporação de tecnologia de modo aprofundado torna os produtores nacionais menos competitivos. Isso pode prejudicar os resultados nas exportações, o que também contribui para um aumento na inadimplência de modo geral.
Custos elevados de insumos
Outro fator microeconômico que não deve ser ignorado para a inadimplência no agro é o custo dos insumos. De modo geral, gastos maiores para a aquisição de elementos como sementes, fertilizantes e maquinários diminuem a rentabilidade das operações agrícolas.
A situação se torna ainda mais crítica quando ocorre um aumento nos preços desses produtos. Um exemplo foi o que ocorreu entre janeiro de 2020 e março de 2022, quando os preços dos fertilizantes importados aumentaram 288%.
Isso se deu, em especial, pela guerra entre Rússia e a Ucrânia, país que é um dos principais produtores desse tipo de insumo. No mesmo período, os preços da soja, do milho e do trigo aumentaram 110%, funcionando como uma estratégia para tentar proteger a margem do lucro.
No caso específico dos fertilizantes, o aumento nos custos pode levar à aquisição de produtos de qualidade inferior ou à redução do uso. Em ambos os cenários, a produção tende a ser afetada, tornando-se menos rentável.
Ainda, outros insumos podem impactar diretamente a lucratividade do setor. O aumento no preço dos combustíveis, por exemplo, afeta tanto o uso de determinadas máquinas quanto o custo de transporte, prejudicando a cadeia por completo e diminuindo a capacidade financeira dos produtores.
Gestão financeira inadequada
A gestão financeira é determinante para o sucesso das propriedades rurais, em especial por causa da sazonalidade do fluxo de caixa. Por causa do ciclo de produção, colheita e venda, o controle de custos e receitas se torna indispensável e deve ser feito de acordo com as particularidades do setor.
Porém, com o desenvolvimento tecnológico acelerado, o setor também é impactado por uma necessidade de mão de obra ainda mais qualificada. Embora se relacione principalmente ao uso de novas tecnologia, ela também se conecta com questões referentes à gestão das propriedades rurais.
Na prática, esse déficit influencia a gestão financeira por estar pouco integrada com as tecnologias mais recentes ou por não envolver o conhecimento técnico necessário para usá-las, se tornando uma das razões que ocasionam o aumento da inadimplência no setor.
Esse se torna um gargalo para o desenvolvimento das propriedades e do segmento, já que cuidar melhor das finanças traz a oportunidade de aumentar a lucratividade e melhorar a capacidade de arcar com os compromissos financeiros assumidos, por exemplo.
Acesso limitado a crédito
Devido ao funcionamento do setor rural, o acesso ao crédito é fundamental para financiar as operações necessárias. É por meio dos recursos obtidos que os produtores conseguem adquirir insumos e manter as atividades até a colheita e venda dos produtos.
O problema é que o acesso ao crédito rural é bastante limitado, em especial para pequenos produtores. Em média, somente 15% dos agricultores familiares conseguem acessar o crédito rural oficial.
Considerando que a agricultura familiar ocupa cerca de 75% das propriedades rurais brasileiras, faz sentido dizer que mais de 60% das propriedades rurais não obtêm o crédito rural de que necessitam para manter e evoluir suas operações.
Um dos grandes problemas é que os pequenos produtores são os mais vulneráveis às mudanças climáticas e às oscilações políticas e econômicas. Logo, o risco para eles se torna muito maior, o que contribui para o crescimento da inadimplência.
Qual a dívida do agronegócio no Brasil?
O cenário de dívidas no agronegócio não é uma situação nova no Brasil. Esse é um problema recorrente, em especial por causa dos desafios próprios do segmento e da necessidade de recursos para manter as operações.
Para acompanhar esses resultados, o Serasa divulgou uma pesquisa medindo o grau de inadimplência de produtores rurais com dívidas a partir de R$ 1.000 e pendentes há mais de 180 meses.
Os resultados em relação ao primeiro trimestre foram os seguintes:
Dados de inadimplência no primeiro trimestre de 2024 | Resultados |
---|---|
Inadimplência do agronegócio brasileiro | 7,3% |
Contribuição para a inadimplência das instituições financeiras que concedem crédito rural | 6,5% |
Produtores rurais devedores | 0,3% |
Inadimplência na região Norte | 10,5% |
Inadimplência na região Nordeste | 9,1% |
Inadimplência na região Centro-Oeste | 7,5% |
Inadimplência na região Sudeste | 6,2% |
Inadimplência na região Sul | 4,9% |
Apesar de ter ocorrido um aumento na inadimplência geral, o valor atingido foi de 7,3%, um valor considerável, mas que cresceu apenas 0,8% em relação ao mesmo período de 2023. Isso indica, de certo modo, uma estabilização no quadro de inadimplência, o que tende a ser positivo.
Além disso, os pequenos produtores têm a menor participação no quadro de inadimplência rural. Como eles possuem a maior parte das propriedades, esse também é um bom indicativo do cenário.
Por outro lado, é preciso considerar que os pedidos de recuperação judicial aumentaram 523% no período, em relação a 2023. Além de afetar pessoas físicas que atuam como produtoras rurais, o cenário tem afetado algumas empresas.
No final de setembro de 2024, a AgroGalaxy pediu recuperação judicial para uma dívida de R$ 4,1 bilhões. Menos de uma semana depois, a Portal Agro fez o mesmo pedido, com um endividamento de R$ 645 milhões.
Apesar de essas serem apenas duas empresas do setor, os pedidos são relevantes porque podem afetar os setores agro e financeiro e a confiança no segmento rural.
O agro está em crise?
O ano de 2024 tem apresentado desafios para o agronegócio, o que gerou algumas crises circunstanciais no setor. O importante é conhecer o cenário real para avaliar riscos e tomar decisões de forma embasada.
Nesse sentido, o cenário internacional ao longo do ano tem sido marcado pelos conflitos internacionais:
- A guerra na Ucrânia e o acirramento dos conflitos no Oriente Médio aumentam o grau de incerteza da economia global, afetando o câmbio e a cadeia de suprimentos;
- No caso da disputa entre Rússia e Ucrânia, especificamente, vale considerar que os países são grandes fornecedores de fertilizantes e defensivos agrícolas. Com a guerra, ambos os países diminuíram o volume de exportações dos insumos, o que contribuiu com o aumento dos preços;
- No cenário nacional, é importante destacar as crises climáticas. Em maio, o Rio Grande do Sul sofreu com enchentes históricas que prejudicaram a economia local, incluindo a produção agrícola de itens como o arroz.
- No segundo semestre, as queimadas descontroladas tomaram conta do país, gerando nuvens de fumaça e afetando grandes áreas naturais e de propriedades rurais. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), os prejuízos estimados de junho a agosto são de R$ 14,7 bilhões.
Ainda assim, as projeções são positivas. Há a estimativa de a produção de soja bater recorde no país, alcançando 169 milhões de toneladas — essa é uma evolução em relação às 153 milhões de toneladas da safra anterior. Já a produção de milho deve alcançar 127 milhões de toneladas, contra 122 milhões em 2023.
Os números demonstram que, apesar das dificuldades sazonais, o agronegócio se mantém resiliente e oferecendo oportunidades. A questão é que agora, mais do que nunca, é essencial investir em soluções estratégicas para conceder recursos que financiem o setor.
Por que é essencial fazer análise de crédito em tempos de incerteza?
Apesar de ser relevante em todos os momentos, a análise de crédito se torna ainda mais relevante em tempos de incerteza — em especial, no agronegócio. Isso ocorre porque, diante de um cenário volátil, os riscos de inadimplência aumentam.
A análise de crédito, por sua vez, é uma ferramenta que ajuda a identificar e mitigar esses riscos, diminuindo a probabilidade de atrasos ou faltas de pagamento. Por meio dela, é possível avaliar a capacidade financeira do solicitante e entender quais deles são mais propensos a pagar em dia, por exemplo.
Com essas informações, é possível definir critérios para a concessão de recursos para cada produtor de acordo com a tolerância ao risco de crédito. Assim, é possível oferecer limites ajustados à realidade de cada produtor, bem como ajustar as condições de crédito, como taxas de juros e garantias exigidas.
Essa análise também é importante para os tomadores de crédito. Como a concessão de recursos ocorre de acordo com a capacidade avaliada de pagamento, eles ficam mais protegidos do endividamento excessivo — o que é indispensável em um cenário de alta volatilidade.
Tecnologia para mitigar esses riscos
Para mitigar os riscos de inadimplência no agronegócio, é interessante adotar a tecnologia de forma estratégica. Com as soluções da Traive, é possível fazer análises de crédito baseadas em inteligência artificial.
Desse modo, é mais fácil identificar e gerenciar riscos de inadimplência, apoiando a tomada de decisão. Para tanto, a Traive conta com uma IA proprietária com um modelo validado e que considera mais de 2500 variáveis do agronegócio.
Com a ajuda de 6 scores de crédito diferentes e todas essas variáveis, a solução da Traive oferece uma visão abrangente da capacidade de crédito do produtor rural.
Por causa disso, a Traive apoia investidores, instituições financeiras e outros credores com dados precisos e insights em tempo real para a tomada de decisão.
A solução também sugere o limite de crédito mais indicado para cada caso e pode aprovar ou negar a concessão de recursos automaticamente, de acordo com a política de crédito definida.
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Inteligência para evitar inadimplências
Ao chegar até aqui, você acompanhou o cenário geral de inadimplência no agronegócio e a importância de saber manejar essa situação. Nesse sentido, a análise de crédito eficiente e o uso de tecnologias são essenciais para proteger o setor.
Principalmente, é necessário adotar uma abordagem proativa — em especial em momentos de volatilidade econômica e de mercado. Desse modo, fica mais fácil evitar perdas financeiras, sem que seja preciso deixar de apoiar e financiar o setor.
Para incorporar a tecnologia de forma estratégica na sua análise de crédito, conheça as soluções da Traive!
Perguntas frequentes
Além do que você acompanhou até aqui, confira as respostas para as perguntas mais frequentes sobre a inadimplência no setor agrícola!
A inadimplência no agronegócio pode ser causada por diversos fatores macroeconômicos e microeconômicos. Entre eles, estão condições climáticas adversas, oscilações nos preços das commodities, má gestão financeira nas propriedades rurais e dificuldades de acesso ao crédito.
A média de inadimplência do crédito rural no Brasil varia conforme o período e a região. No entanto, a taxa tem ficado entre 1,5% a 5%, aproximando-se do limite maior em períodos de crises climáticas ou econômicas.
A redução da inadimplência depende da adoção de uma política de crédito rigorosa, o que inclui fazer uma análise de crédito eficiente, diversificar as fontes de receita e adotar ferramentas tecnológicas que ajudem a mensurar e acompanhar o risco de crédito.
Um percentual de inadimplência considerado aceitável costuma ficar abaixo de 3%. Números acima desse patamar indicam um risco maior, o que exige mais controle e a adoção de estratégias de mitigação.